Especialistas afirmam que a Nova Champions League aumentará a receita dos clubes europeus.
- Cláucio Azevedo
- 17 de set. de 2024
- 3 min de leitura
Com mais jogos garantidos, equipes vão arrecadar mais verbas relacionadas aos patrocinadores e aos direitos de transmissão
A Champions League 2024/25 começa nesta terça-feira com um formato inédito e a maior premiação da história do torneio. A principal mudança está no fim da clássica fase de grupos, que aconteceu até a última temporada. Agora, com acréscimo de quatro clubes, 36 times vão se enfrentar em formato de "liga". Cada um vai disputar oito partidas, sendo metade como mandante e metade como visitante.
Dentro desta divisão, cada equipe enfrentará duas equipe de cada pote, sendo quatro potes no total. Em nota divulgada pela Uefa, organizadora da competição, o novo formato "aumenta a probabilidade de os torcedores verem equipes de topo se enfrentarem com mais frequência e mais cedo na competição".
— A Champions encontrou um formato que vai propiciar mais jogos grandes, com as equipes mais fortes. Isso, para o torcedor, e também para o futebol, é ainda melhor. São jogos com mais apelo, que também premiarão a regularidade e aquela que de fato for a melhor equipe, e não a que cair no grupo teoricamente mais fácil — analisa Jorge Duarte, gerente de marketing e esportes da Somos Young, empresa que realiza o atendimento a sócios torcedores de clubes de futebol.
Ônibus com campeões do Real Madrid passeia pela Praça Cibeles para festa do 15º título da Champions — Foto: Susana Vera/Reuters
Após a disputa das rodadas da fase de liga, os oito melhores colocados avançam direto para as oitavas-de-final, que será disputada da mesma forma das temporadas mais recentes, assim como todas as fases seguintes. Os jogos de ida e volta e a final em campo único estão mantidos pela Uefa.
— O novo formato da Champions é uma clara reação às pressões pela criação de uma liga com os principais clubes da Europa. Com esse novo formato, acaba a primeira fase que era já um engodo para os seis, oito principais clubes do mundo, e já incluindo jogos entre eles desde o início do torneio, permitindo que essa fase inicial arrecade mais com patrocinadores e direitos de transmissão. Vão distribuir mais dinheiro, porque é possível arrecadar mais dinheiro. Sem surpresa — afirma Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana.
As equipes classificadas entre a 9ª e a 24ª posição disputarão um playoff, também com jogos de ida e volta. Os vencedores desses confrontos estarão classificados para as oitavas, se juntando aos outros oito primeiros classificados.
Muralha Amarela, famosa torcida do Borussia Dortmund, em jogo com o PSG na Champions — Foto: Thilo Schmuelgen/Reuters
— A Champions League possui uma atmosfera única, sua tradição e importância para o cenário do futebol mundial é incontestável. Na última temporada, levou mais de 1,5 milhão de torcedores aos estádios, com taxa de ocupação média acima de 92%. Ou seja, em termos locais, a competição é um sucesso. Porém, como ela é um produto global, essas mudanças são compreensíveis e acredito que contribuirão para a sua valorização — observa Joaquim Lo Prete, country manager da Absolut Sport no Brasil, agência multinacional de experiências esportivas que comercializa pacotes para a final da Champions League, marcada para maio, em Munique, na Alemanha.
— Os patrocinadores terão a oportunidade de ativar o patrocínio com maior frequência, uma vez que a competição terá mais jogos nesse modelo. Grandes clássicos ocorrerão mais vezes nesse formato, então acho interessante aos patrocinadores que se planejarem e ativarem com inteligência — aponta Fábio Wolff, sócio-fundador da Wolff Sports, agência de marketing esportivo.
Nacho levanta taça da Champions League após vitória do Real Madrid contra o Borussia Dortmund — Foto: Neil Hall/EFE
— O novo formato da Champions League tende a aumentar a arrecadação de clubes menores, por ter uma partida a mais em casa com a chance de receber adversários maiores. Mas também tende a aumentar o abismo financeiro entre as equipes, já que um dos gigantes europeus tende a ser campeão e a premiação astronômica vai contribuir para a diferença. Para evitar um prejuízo ainda maior, é fundamental trabalhar ativações de marketing e explorar acordos, inclusive mas não apenas pontuais, que maximizem os ganhos em partidas em casa e pela maior exposição na mídia — diz Alexandre Mota, Diretor de Criação da Agência End to End, empresa que conecta o torcedor à sua paixão e é um hub de soluções e engajamento para o mercado esportivo.
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